Para quem não se lembra, durante a invasão do Iraque, em março de 2003, os meios de comunicação americanos apresentaram ao público a seguinte história: uma soldado, Jessica Lynch, havia sido ferida numa emboscada em Nassiriya. Ela resistiu bravamente ao inimigo e descarregou toda sua munição nos rebeldes. Encurralada e sem ter como se defender, acabou cercada por homens armados até os dentes que conseguiram dominá-la.
Jessica então foi amarrada e levada para um hospital em território inimigo, onde foi espancada e torturada pelos oficiais iraquianos. Uma semana depois, um grupo de marines desceu dos céus em modernos helicópteros e conseguiu libertar a soldado. A operação foi impressionante. Houve troca de tiros com as forças iraquianas que vigiavam o local e bombas explodiam por todos os lados enquanto os marines gritavam o nome de Jessica pelos corredores do hospital. Ela foi encontrada viva num quarto e levada de volta aos EUA. O presidente Bush celebrou o episódio e o Pentágono divulgou um filme com cenas incríveis de toda a operação. Uma bela história com final feliz que ficou conhecida no mundo todo.
No entanto, alguns jornalistas “ chatos” decidiram ir até Nassiriya para investigar melhor o ocorrido. E ficaram assombrados ao ouvir o relato do doutor Anmar Uday: não havia nenhuma força iraquiana no local quando os americanos chegaram. Não houve resistência. Jessica Lynch, segundo o médico, recebeu o melhor tratamento possível enquanto esteve hospitalizada, com direito até a enfermeira particular.
"Foi como num filme de Hollywood. Não havia soldado iraquiano algum, mas as forças americanas disparavam suas armas. Atiravam para todos os lados e ouviam-se explosões. E gritavam: ‘Go! Go! Go!’ O ataque ao hospital foi uma espécie de show, ou um filme de ação com Sylvester Stallone", contou o médico à rede BBC na época.
O encarregado pela filmagem do emocionante resgate foi um ex-assistente do diretor Ridley Scott (Gladiador, Blade Runner, etc).
Em depoimento no Congresso na terça-feira (24), a jovem explicou que ela nunca foi a heroína descrita pelos militares, que não lutou no momento de sua captura nem foi maltratada no hospital iraquiano onde estava detida.
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