SCARAPA

A Polícia Federal de Uberaba, o Ministério Público Federal de Passos e o Ministério Público Estadual de Minas Gerais já cumpriram 25 mandatos e prenderam 17 pessoas em Uberaba e 8 em Passos em uma operação deflagrada na manhã desta segunda-feira. A ação visa combater crimes contra a saúde pública cometido pela Cooperativa dos Produtores de Leite do Vale do Rio Grande (Coopervale) e a Cooperativa Agropecuária do Sudoeste Mineiro (Casmil).

A Operação Ouro Branco, que conta com a participação de 200 policiais federais, apoiados por servidores do Ministério da Agricultura, cumpre 25 mandados de prisão e 22 de busca e apreensão nos municípios de Uberaba e Passos.

Durante a operação, foram detidos dirigentes e empregados das duas cooperativas, além do servidor do Serviço de Inspeção Federal do Ministério da Agricultura, que é o responsável pela fiscalização da produção de leite e seus derivados.

As cooperativas são acusadas de adicionar em 10% de sua produção substâncias não permitidas ou permitidas, mas acima da dosagem determinada na lei, no leite longa vida integral, deixando o alimento impróprio para o consumo, segundo um laudo emitido pelo Ministério da Agricultura.

Segundo a PF, a intenção dos acusados era aumentar a quantidade do produto e aumentar também o período de manutenção e acondicionamento sem que o leite fosse deteriorado.

A PF informou também que o produto adulterado era revendido pelas cooperativas para empresas como a CALU, Parmalat e outras, que revendiam o leite em embalagens próprias para todo o País.

Amostras de leite longa vida integral ainda estão sendo recolhidas em todo o País, já que, segundo as apurações, a fraude atinge dimensão nacional e envolve diversos Estados.

Entenda porque os adulteradores adicionavam água oxigenada, soro e soda cáustica ao leite:


Peróxido de hidrogênio (água oxigenada) – Era usada para matar bactérias do leite. É adicionada ao leite cru para combater as bactérias e aumentar a duração desse leite antes do processamento.

Soro – Não pode ser adicionado ao leite. A adição de soro ao leite é uma fraude contra o consumidor. O soro resulta da fabricação do queijo e tem menos nutrientes. Utilizado para aumentar o volume, ele diminui a quantidade de nutrientes nesse leite. Segundo o professor Porto, o leite pode ter a quantidade de nutrientes reduzida até pela metade.

Soda cáustica – O objetivo da soda cáustica é neutralizar a acidez do leite. As bactérias se alimentam do leite quando ele é coletado cru, sem higiene. Essas bactérias produzem ácido no leite. E a adição de soda, ela vai neutralizar essa acidez. O problema maior, segundo o professor Porto, é que a adição de soda cáustica é que mascara a quantidade de bactéria que você tem no leite cru. Porque essa é uma maneira de mascarar a má qualidade do produto. Se o leite estiver com a acidez muito elevada talha quando for fervido. Por isso, não se poderia processar o leite com a acidez fora do limite.