Neca era jovem e bonita. Isac era jovem e afoito. Namoravam já há dois anos, quando ele decidiu que queria viver mais aventuras, conhecer outras mulheres, ter novas paixões. Que queria sexo casual, em resumo.
Acabaram se separando.
Neca sofria, até porque os dois trabalhavam juntos, viam-se todos os dias, e Isac não parecia se importar com a separação.
Aí uma noite aconteceu algo que transformou suas vidas. Que virou tudo de pernas para o ar.
Neca foi a um bar perto de onde trabalhava e lá encontrou um outro colega, o Ricão. Esse Ricão era conhecido no escritório por se dar bem com as mulheres. Mais até: diziam que ele fazia "de tudo..." com elas. De tudo... assim, com reticências.
Ele e Neca conversaram por alguns minutos, beberam algumas doses e saíram do bar juntos. Ricão ofereceu carona a ela, e ela aceitou. Não aconteceu nada entre eles, Ricão apenas a deixou em casa. Só que Isac, o ex-namorado, os viu juntos. Foi uma coincidência. Estava passando pela rua de carro e flagrou-os saindo do bar.
A visão o abalou. Passou a noite pensando naquilo. No dia seguinte, a primeira coisa que Isac fez foi abordá-la. Sua intenção era ser discreto, era não dar a impressão de que sentia ciúme. Mas não conseguiu — era afoito. Foi logo confessando que a tinha visto com o Ricão e quis saber se havia acontecido algo. Neca, percebendo a oportunidade que lhe aparecia, respondeu, tão-somente:
— Não é da tua conta.
E foi-se embora. Para quê! Isac ficou desesperado. Imaginava o Ricão fazendo de tudo... com ela. De tudo...! E se angustiava. "Ela vai nos comparar", pensava. "E aí estou ralado. Porque eu não fiz de tudo... com ela? Oh, como eu queria ter feito de tudo... com ela".
À noite,Isac ligou para a Neca. Implorou para saber o que havia acontecido entre ela e o Ricão. E ela:
— Não te interessa.
Ele queria morrer. Não podia suportar a idéia de que o Ricão tivesse feito de tudo... com sua ex-namorada. Subitamente, o amor que sentia por ela retornou. Isac sentiu que precisava dela, que ela era a mulher da sua vida, que queria passar a existência ao lado dela. Passou a noite em claro.
De manhã, não esperou para encontrá-la no escritório. Cedo, antes do café, vestiu-se e voou para a casa dela. Bateu à porta, ansioso. Quando ela abriu, ele, jogou-se aos pés dela, olhos marejados. Agarrou seus tornozelos macios, beijou seus chinelos e urrou:
— Eu te amo! TE AMO!!! Faço tudo por ti!!! Tudo! Pede o que quiser!!! Mas me responde! Pelo amor de Deus! Por tudo o que é sagrado! Me responde: O que o Ricão fez contigo??? O que ele fez contigo???
Ela sorriu, cheia de malícia, e falou a frase mais terrível que Isac ouviu em toda a sua vida:
— De tudo...
E fechou a porta, para morrer de rir.
Fonte David Coimbra
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